domingo, 9 de novembro de 2008

A perda

Meu primeiro contato com a morte foi quando eu tinha 11 anos. Um querido tio-avô morreu repentinamente e senti a dor de minha avó, que viveu com esse irmão tão querido a vida toda.
Nesse mesmo ano, uma amiguinha de escola sofreu um brutal acidente de carro e morreu. Como estudávamos em colégio de freiras, nosso coral participou da missa de sétimo dia que foi celebrada na capela da escola, e foi difícil cantar sem chorar. Depois disso um avô, e outros parentes, aqueles que sabemos que existem, mas não temos muito contato.
E aí meu irmão, que sofreu dois anos até que partisse. Foi algo sofrido, mas esperado.
Mas o mais dífícil pra mim, foi perder meu pai. Morava fora do país e, como ele havia sofrido um aneurisma um mês antes, passei a ligar prá ele com muita constância prá saber de sua saúde. Numa sexta-feira liguei novamente e ele me disse que estava bem e gostaria que eu não me preocupasse tanto. Fomos passar o fim de semana fora e no domingo, ao voltarmos, pensei em ligar, mas lembrei de seu pedido e não o fiz. Na segunda pela manhã meu cunhado ligou dizendo que, na mesma sexta, meu pai teve outro aneurisma, e que havia acabado de falecer.
Fiquei meio que anestesiada, pois precisava vir pro Brasil e não sabia bem como fazê-lo, já que não havia vôos todos os dias prá cá. Consegui um, e foi ainda meio anestesiada que desembarquei e encontrei minha mãe. Foi o encontro mais difícil que tive com ela. E enquanto nos dirigíamos ao local onde estavam todos, fui sentindo um remorso enorme por estar afastada da família há tanto tempo. Até hoje, esse é um problema mal resolvido. Talvez um dia volte a fazer terapia e consiga eliminar esse fantasma.
Esta semana perdi um amigo. Um querido amigo há mais de 25 anos. Teve um infarto e ficou impotente numa UTI por longos 25 dias.
E ao perder um amigo que estava bem mês passado e já não se encontra aqui este mês, é que me dou conta de quanto tempo perco com tolices, mágoas, cobranças que não acrescentam nada à minha vida.
Não sei se sou tão capaz quanto imagino, mas vou tentar, a partir de agora, ver e viver muito mais o lado bom das coisas. Ao colocar a cabeça no travesseiro à noite, espero poder lembrar somente o que de bom se passou nesse dia, e mandar para o baú do esquecimento qualquer coisa de ruim que tenha me aborrecido ou me frustrado.

CARPE DIEM

2 comentários:

Anônimo disse...

Acho que ninguém sabe direito lidar com a perda de alguem querido. Eu tenho medo de perder as pessoas que gosto, e quando você falou do seu pai fiquei pensando em algo que me cobro
muito. Eu tenho medo de morar em outro lugar e deixar minha mãe só e acontecer algo com ela, sou só eu e ela... eu nao me perdoaria.
Até hoje só perdi minha avó e sinto saudade dela toooodos os dias.
O jeito é mesmo ir todo dia limpando as bobeiras que a gente deixa entrar no coração e viver bem. Carpe diem!!
Bjos

Carla P.S. disse...

Que máximo...
Faz isso mesmo..As pessoas não morrem, só o corpo delas padece..A alma continua viva, até o dia da próxima reencarnação (e do próximo encontro?).
Pode usar a frase sim, todas que quiser, quando quiser!
Aceite um café.
Beijos.