segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Os dois lados da chuva
Ontem, depois de passar um agradável fim de semana em Brasília, peguei a estrada rumo à Bela Vista. Fiquei feliz ao ver no horizonte, lá longe, a chuva que caía. Boa pra minha lavoura, certamente estaria molhando as covas do maracujá, e fortificando e alimentando a terra já preparada pra receber as mudas. Os eucaliptos já plantados também se beneficiariam. Tentei imaginar em que local da estrada me encontraria com ela, e na metade do trajeto ela chegou. Não uma chuva ou um temporal. Um dilúvio, que não me permitia ver nada além de 4 ou 5 metros. Uma imensa parede cinza que me obrigou a andar a 60 km/h. Busquei com calma um posto ou quiosque que me possibilitasse parar e esperar, mas naquele trecho da estrada não encontrei nenhum. Havia muita água na pista e eu me concentrava em manter o controle do carro. Foram vinte minutos de muita atenção. E muita tensão. Vinte kms adiante o céu abriu (ou fechou?) e o restante da viagem foi moleza.
Como pode a mesma chuva ter dois lados tão distintos: ser tão bendita para as lavouras e tão apavorante numa estrada?
CARPE DIEM
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Um mundo novo
É muito interessante como a vida da gente pode mudar tanto, sem que haja necessariamente um acontecimento sério para que isso ocorra.
Se, há algum tempo, alguém me dissesse que um dia eu entenderia de calcário, adubo, esterco, sementes e mudas, eu mandaria internar. E hoje estou eu aqui, fascinada por esse mundo novo que cheira mal se o esterco é de galinha e cheira bem se o esterco é de vaca. Um mundo onde a resistência do eucalipto e da mandioca se contrapõe ao melindre do maracujá. Um mundo onde uma pessoa com pouquíssimo estudo tem um conhecimento absurdo daquilo que faz, e uma sabedoria "folclórica" invejável.
Graças a essas pessoas tão simples e humildes, mas muito experientes, estou dando meus primeiros passos na agricultura. O conhecimento delas é imenso e não foi conseguido na escola, mas com a dura lida de agricultor. Tez queimada e ressequida que, invariavelmente, acrescenta mais anos à pessoa do que sua identidade registra. Mãos grossas e calejadas que mexem numa mudinha com a mesma delicadeza com que se mexe na asa de uma borboleta. Voz mansa e pausada que teima em chamar a todos de Dr. Essas pessoas não percebem que os doutores são eles. Aliás, eles nem sabem que o são. Tenho tido uma sede de conhecimento incrível! E muitas pessoas, quer estejam ligadas diretamente ao nosso projeto ou não, têm me ensinado alguma coisa. Um comentário, uma dica ou uma opinião acrescentam algo ao meu parco conhecimento.
Não sei se conseguirei saber tudo o que gostaria, mas já sei muito mais do que poderia imaginar.
CARPE DIEM
Como cheguei aqui
Há pelo menos dois anos meu par começou a buscar o que fazer depois que se aposentasse. Ele tem 58 anos e muito gás ainda pra gastar. Ele passou pela criação de avestruzes, apicultura, determinadas espécies de cogumelos, árvores nobres e chegou aos tijolos ecológicos. Pesquisou muito, estudou bastante e decidiu que esse seria um bom filão de mercado, nestas paragens do planalto central. Como tínhamos o hábito de viajar sempre pra Goiânia, um belo dia resolvemos sair em busca de uma cidade nas imediações, que fosse simpática, pequena e relativamente perto de Brasília (onde moram nossas filhas preferidas) pra comprarmos "um pedaço de chão". Nossa idéia era conhecer várias cidades e, pra isso, escolhemos uma das saídas de Goiânia. Passamos batido por Senador Canedo e chegamos em Bela Vista. Esta cidade tem três entradas e por nenhum motivo especial entramos na última. Nessa primeira rua encontramos uma imobiliária e perguntamos por algum sítio que estivesse à venda. Nos mostraram dois, e nos encantamos pelo segundo. Compramos.
Foi tudo tão rápido e fácil que nos surpreendemos. Começava assim meu vínculo com Bela Vista.
As outras cidades? Um dia nos conhecerão.
CARPE DIEM
Foi tudo tão rápido e fácil que nos surpreendemos. Começava assim meu vínculo com Bela Vista.
As outras cidades? Um dia nos conhecerão.
CARPE DIEM
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
Casa montada
Quando alugamos uma casa em Bela Vista compramos o básico de cozinha e trouxemos duas camas de solteiro que já tínhamos. Ganhei duas cadeiras dessas típicas de interior, com trançado de plástico, e decidimos esperar que a filha do meio preferida casasse, pois com isso, teríamos alguns móveis liberados. O casamento passou, e por motivo nenhum, fomos protelando a mudança.
Mas faz três meses que vivo mais cá do que lá e comecei a sentir falta das coisas. Então, neste último fim de semana, decidimos.
...e depois de alguns meses "meio" acampada, minha mudança chegou. Agora tenho guarda-roupa, cama, escrivaninha, sofá...Que delícia sentar num sofá! Mesinha de canto, tapete, criado-mudo. É tão comum termos todos esses móveis em casa que não nos damos conta da falta que fazem.
Assistir televisão escarrapachada num sofá é tudo de bom!
Agora posso retribuir os vários cafezinhos com bolo que já tomei nesta cidade tão acolhedora.
CARPE DIEM
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
Bela Vista de Goiás
As cidades de interior têm algumas características muito particulares e Bela Vista não foge à regra.
Aqui, as pessoas desprezam as calçadas e caminham sempre pelas ruas (às vezes me pego fazendo a mesma coisa) fazendo com que os carros, muitas vezes, tenham que desviar de pessoas e não de outro veículo.
Jamais vi tantas carroças atrapalhando o trânsito. Não que tenhamos muitos carros, mas é que as ruas são bastante estreitas.
Aqui não há nenhuma dessas lanchonetes conhecidas como Mc Donald's, Bob's e afins. Mas todas as lanchonetes que existem são chamadas de "Pit Dogs". Na praça central da cidade havia 4 pit dogs, um em cada esquina. O prefeito que acaba de deixar o cargo resolveu inovar e ergueu uma "praça de alimentação" no local, reunindo todos os pit dogs. Alguns deles têm lanches deliciosos.
Outra característica desta cidade é o costume de comer churrasquinho. Durante todo o dia há algum churrasqueiro de prontidão. Em quase todos eles o churrasquinho é servido com molho, pimenta e farinha e vem acompanhado de mandioca cozida e feijão tropeiro. Uma delícia.
Agora, o que aconteceu nesta madrugada supera qualquer outra característica de cidade de interior. Moro a uma quadra da praça central então, tudo o que acontece por lá pode ser ouvido por aqui. Às cincos horas da madrugada acordei assustada com o barulho de rojões e uma quantidade absurda de fogos de artifício. Tocava uma música que eu já tinha ouvido em desfiles militares e eu não conseguia entender o que estava acontecendo. De repente os fogos diminuiram, e pra minha surpresa, ouvi nos alto-falantes da praça a seguinte frase: "Povo belavistense! Estamos iniciando a Festa dos santos padroeiros da cidade São Benedito e Santa Irene. Espero todos os cidadãos para a missa de abertura das comemorações às 5:30 na igreja. E viva São Benedito e viva Santa Irene!" E mais fogos. Quando tive certeza que tudo havia acabado, olhei no relógio e percebi que ouvi 11 minutos de fogos de artifício em plena 5 horas da madrugada. Peculiaridades de uma pequena cidade de interior.
CARPE DIEM
Aqui, as pessoas desprezam as calçadas e caminham sempre pelas ruas (às vezes me pego fazendo a mesma coisa) fazendo com que os carros, muitas vezes, tenham que desviar de pessoas e não de outro veículo.
Jamais vi tantas carroças atrapalhando o trânsito. Não que tenhamos muitos carros, mas é que as ruas são bastante estreitas.
Aqui não há nenhuma dessas lanchonetes conhecidas como Mc Donald's, Bob's e afins. Mas todas as lanchonetes que existem são chamadas de "Pit Dogs". Na praça central da cidade havia 4 pit dogs, um em cada esquina. O prefeito que acaba de deixar o cargo resolveu inovar e ergueu uma "praça de alimentação" no local, reunindo todos os pit dogs. Alguns deles têm lanches deliciosos.
Outra característica desta cidade é o costume de comer churrasquinho. Durante todo o dia há algum churrasqueiro de prontidão. Em quase todos eles o churrasquinho é servido com molho, pimenta e farinha e vem acompanhado de mandioca cozida e feijão tropeiro. Uma delícia.
Agora, o que aconteceu nesta madrugada supera qualquer outra característica de cidade de interior. Moro a uma quadra da praça central então, tudo o que acontece por lá pode ser ouvido por aqui. Às cincos horas da madrugada acordei assustada com o barulho de rojões e uma quantidade absurda de fogos de artifício. Tocava uma música que eu já tinha ouvido em desfiles militares e eu não conseguia entender o que estava acontecendo. De repente os fogos diminuiram, e pra minha surpresa, ouvi nos alto-falantes da praça a seguinte frase: "Povo belavistense! Estamos iniciando a Festa dos santos padroeiros da cidade São Benedito e Santa Irene. Espero todos os cidadãos para a missa de abertura das comemorações às 5:30 na igreja. E viva São Benedito e viva Santa Irene!" E mais fogos. Quando tive certeza que tudo havia acabado, olhei no relógio e percebi que ouvi 11 minutos de fogos de artifício em plena 5 horas da madrugada. Peculiaridades de uma pequena cidade de interior.
CARPE DIEM
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